Empreendedorismo feminino: desafios e oportunidades

Emme

6/6/20248 min ler

Apesar dos inúmeros avanços sociais que o Brasil e o mundo têm passado no que diz respeito aos direitos das mulheres, o mercado de trabalho ainda é um campo muito desigual e desafiador para uma mulher.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 53,3% das mulheres com 15 anos estão empregadas no mercado de trabalho. No caso de homens, o percentual chega a 72,3%.

Se entrar no mercado de trabalho já é um desafio por si só, começar um negócio do zero é uma tarefa exponencialmente mais difícil. Apesar disso, 34% de todo o empreendedorismo do Brasil é composto por mulheres, segundo dados do Sebrae– um marco segundo a entidade.

Negócios liderados por mulheres têm crescido exponencialmente, e a presença feminina tem mostrado grandes resultados e exemplos de como a inclusão não é mais uma pauta sazonal, mas uma realidade a ser expandida e que se estabelece como um fator importante na economia.

Índice:

O que é Empreendedorismo Feminino?

Empreendedorismo feminino são negócios idealizados, executados e liderados por mulheres. As iniciativas são vastas e os segmentos muito bem distribuídos. Segundo o Sebrae, mais de 3,8 milhões de CNPJs têm mulheres no seu quadro societário nos últimos 5 anos.

O termo não significa só ser dona de um negócio, mas a liderança em empresas também são abrangidas pelo termo. Cerca de 40% dos cargos de chefia no Brasil são ocupados por mulheres, um número baixo e que tem sido alvo de muitas discussões dentro e fora do mercado.

Como surgiu

Não há uma data fechada que marque a entrada de mulheres nas atividades produtivas. Historicamente, a elas eram atribuídas tarefas domésticas como cuidar das casas e educar os filhos, enquanto aos homens cabia sustentar a casa.

A partir da 2ª revolução industrial, mulheres começaram a trabalhar nas fábricas, principalmente aquelas que tinham que sustentar a família diante da ausência masculina. Esse fenômeno se acentuou durante as guerras do século XX e concretizaram a entrada das mulheres na economia.

A partir de então, a passos lentos, a presença feminina foi se estabelecendo na economia mundial.

A importância do Empreendedorismo Feminino

O empreendedorismo feminino é uma força transformadora que impulsiona a inovação, a diversidade e o crescimento econômico. Ao longo dos anos, as mulheres têm superado barreiras e estereótipos, emergindo como líderes empreendedoras em diversos setores.

Maria Luiza, CEO da Shop Emme, palestrando em um evento
Maria Luiza, CEO da Shop Emme, palestrando em um evento

Além de contribuir para a criação de empregos e o desenvolvimento de novos produtos e serviços, o empreendedorismo feminino promove a igualdade de gênero ao capacitar mulheres economicamente, aumentando sua autonomia e influência na sociedade.

Empreendedoras trazem perspectivas únicas para o mercado, abordando necessidades não atendidas e oferecendo soluções inovadoras, o que não apenas beneficia suas próprias empresas, mas também impulsiona o progresso social e econômico em escala global.

O panorama do empreendedorismo feminino no Brasil

Como no restante do mundo, a entrada de mulheres na economia brasileira foi gradual e ainda enfrenta desafios locais. No país, 89% das empreendedoras estão na modalidade por necessidade, segundo dados do Sebrae.

A desigualdade no Brasil ficou ainda mais acentuada com a pandemia de Covid-19 e deixou muitas famílias sem renda fixa. O número de empreendedoras aumentou em 41% nesse período, segundo o Linkedin.

Inúmeros micro-negócios, iniciativas, empresas e ideias surgiram em um cenário tão desafiador. A expansão do e-commerce também foi um fator considerado crucial para muitas empreendedoras, porque permitiu um alcance maior de mercadorias e serviços.

Segundo dados do governo federal, a modalidade movimentou R$ 450 bilhões entre 2019 e 2022. Com o fim da pandemia, a modalidade não foi desestimulada e foi encarada como uma opção permanente e que continua agradando o consumidor.

As vendas online também foram melhores exploradas por segmentos que empregam mais mulheres, como os segmentos de beleza, roupas e cuidados pessoais. A modalidade possibilitou que empreendedoras ofereçam soluções personalizadas e com um atendimento mais humanitário e focado no consumidor.

Além de encontrarem oportunidades de mercado ao seu próprio negócio, o perfil das mulheres no mercado de trabalho é mais escolarizado do que os homens. O que permite que elas tragam ideias mais inovadoras e que possam explorar, por exemplo, oportunidades mais nichadas e especializadas.

No entanto, os negócios são menos lucrativos e enfrentam duplas jornadas ao considerarmos as tarefas domésticas que elas executam. Segundo dados as mulheres gastam cerca de 21 horas semanais em tarefas domésticas, cerca de 10 horas a mais do que homens.

Iniciativas governamentais de apoio

Apesar de ser um cenário alarmante e que soa desmotivador, o Brasil ainda apresenta muitas oportunidades e exemplos de mulheres que chegaram no mercado para ficar! O país é o 7° com o maior número de empreendedoras do mundo.

Também tem uma série de incentivos para quem busca começar o seu negócio ou quem quer expandi-lo. Algumas iniciativas incluem capacitações, modalidades de crédito diferenciadas e fóruns e redes de apoio para a criação de negócios liderados por mulheres. Como, por exemplo:

  • Brasil para elas: política pública de fortalecimento do empreendedorismo feminino. Engloba governo federal, empresas e ongs;

  • Caixa para elas: programa de incentivo da Caixa Econômica e do Sebrae que foca na formalização de mulheres como microempreendedoras individuais;

  • Estratégia Nacional de Empreendedorismo Feminino: lançado em 2023, as diretrizes guiam ações interministeriais que focam no incentivo e fortalecimento de mulheres em situação de vulnerabilidade

Desafios enfrentados pelas empreendedoras

Maria Luiza, CEO da Shop Emme, dando uma palestra
Maria Luiza, CEO da Shop Emme, dando uma palestra

Ao procurar por onde começar, é preciso saber onde estamos para começar. Mulheres empreendedoras enfrentam uma série de desafios e encaram um cenário de trabalho diferente que os homens.

A seguir, leia algumas das principais preocupações e desafios relatados por mulheres que empreendem no Brasil.

Jornadas solitárias

Apesar de muitos negócios serem feitos a várias mãos, 91% das mulheres que empreendem o fazem sozinhas. Isso porque mais de 95% das empresas são micro ou pequenas, o que limita a possibilidade de empregar outras pessoas.

O cenário fica ainda mais desafiador se considerarmos que, ainda, mulheres ganham cerca de 75% do que os homens e que muitas delas precisam sustentar as famílias, ao mesmo tempo em que oferecem suporte emocional.

Dados do IBGE também mostram que mais de 76% das mulheres que empreendem se sentem culpadas pela maneira como equilibram família e trabalho. No caso dos homens esse sentimento alcança somente 55% deles.

Barreiras burocrática

Entre os principais desafios para empreendedores no Brasil, o procedimento para a formalização das empresas é considerado complexo e demorado. Além disso, as tributações sobre as atividades acabam se tornando um obstáculo para a renda dessas empreendedoras que dependem do trabalho para o sustento.

Desigualdade profunda

Apesar da modernização e que hoje mulheres podem trabalhar, não estamos em um cenário de igualdade e não o estaremos em pelo menos 136 anos, segundo o FMI – tempo estipulado pela entidade para que o mundo alcance a igualdade de gênero.

Mulheres também são menos contratadas do que homens por serem mães ou até mesmo se tiverem a intenção de sê-lo. Segundo o Sebrae, 68% das mulheres afirmam que a maternidade influencia fortemente a decisão de empreender. Em homens a taxa chega somente a 56%.

Ainda segundo a instituição, ¼ das mulheres empreendedoras já relataram sofrerem preconceito nos seus negócios somente por serem mulheres. Já 42% viram mulheres serem vítimas de preconceito.

Inspirando a próxima geração de empreendedoras

Março já passou e é preciso olhar para frente, principalmente para mulheres que abriram as portas e fizeram precedentes para que outras venham atrás. Veja a seguir uma lista de algumas lideranças e empreendedoras femininas para se inspirar

Maria Luiza Carneiro

Maria Luiza Carneiro (Malu), nasceu em Vitória - ES e é a founder da loja de roupas Emme. Com sangue empreendedor, fundou a marca em 2019, enfrentando um cenário caótico de pandemia logo em seguida, em 2020.

Maria Luiza, CEO da Shop Emme, e-commerce de roupas
Maria Luiza, CEO da Shop Emme, e-commerce de roupas

Acreditou no seu sonho e hoje lidera a marca com maestria, apoiando pequenos negócios e impulsionando mulheres para atingirem também os seus objetivos.

Malu preza muito pela sustentabilidade, acredita que peças atemporais são essenciais e que as roupas não devem ser descartadas ao final de cada coleção.

A Emme foi criada com o objetivo de fazer as mulheres se sentirem seguras e confiantes para alcançarem suas conquistas diárias, afinal, o que vestimos reflete no modo como nos sentimos.

Maria Luiza Trajano

Luiza Helena Trajano é uma empresária brasileira conhecida por liderar a rede varejista Magazine Luiza. Ela assumiu a pequena loja da família aos 18 anos e foi pioneira no comércio virtual. Hoje o grupo tem mais de 720 lojas em todo o Brasil e mais de 35 mil colaboradores.

Aos 75 anos, Luiza deixou a chefia do grupo, mas ainda compõe a presidência do conselho administrativo. Suas atividades hoje são voltadas ao empreendedorismo com iniciativas e mentorias em todo o Brasil.

Tarciana Medeiros

Tarciana Medeiros é a primeira mulher a ser nomeada presidente do Banco do Brasil. Natural do estado da Paraíba, iniciou sua carreira como feirante aos 10 anos de idade e também foi professora. Ingressou no BB em 2000, passou por inúmeros cargos de gestão durante a sua carreira.

Hoje, Medeiros é a única brasileira listada entre as mulheres mais poderosas do mundo da revista Forbes publicada em dezembro de 2023. Ela tem ampla atuação contra mudanças climáticas e investimentos na área.

Bianca Andrade

Natural do complexo da Maré, no Rio de Janeiro, Bianca Andrade– conhecida como Boca Rosa– é uma empresária que começou como influenciadora de maquiagem. Ela lançou a sua colaboração com a Payot e abriu o caminho para que outras marcas e mulheres desenvolvessem maquiagens nacionais.

Depois de anos de parceria, hoje a Boca Rosa Company é uma marca independente e que relançará toda a sua linha de maquiagens este ano. A expectativa da marca é lucrar R$ 1 bilhão até 2030.

Paola Carosella

Chef argentina de sotaque marcado, antes de se tornar uma celebridade pela sua participação do Masterchef Brasil, onde foi jurada desde a estreia até 2021, Paola Carosella é chef de cozinha do Arturito e dona da rede de empanadas La Guapa.

Ela tem um canal no youtube que tem mais de 2,3 milhões de inscritos. O restaurante Arturito é de alta gastronomia e opera no Jardins, em São Paulo. Já o La Guapa tem mais de 35 unidades só em São Paulo e espera atingir a marca de 80 em 2025.

Maria Helena Pêssoa

Advogada de formação, Maria Helena Pessôa de Queiroz descobriu seu amor pela papelaria quando terminava seu mestrado na universidade de Duke, nos Estados Unidos. Começou fazendo pequenas encomendas de álbuns de fotos personalizados e de lá para cá abriu o MH Studios, uma marca de papelaria de luxo que já fez colaborações com marcas como a Chanel.

Conclusão

A presença feminina no mercado de trabalho tem crescido e essa não é mais uma tendência, mas um fato irreversível.

Ao mesmo tempo, é preciso refletir sobre as condições que levam mulheres a empreender, os desafios e principalmente o que pode mudar. O mercado ainda é maioria masculino e mulheres ainda encaram desvantagens na carreira.

Apesar disso, a natureza, persistência e consistência são atributos marcantes na jornada feminina. Aliado à empatia e ao senso de comunidade, mulheres não crescem sozinhas, toda a economia e seu entorno florescem com elas.

Apoie marcas e iniciativas que sejam empreendidas por mulheres. Opte por opções locais, soluções personalizadas e fortaleça pequenos negócios. Invista em marcas autorais, que empregam pequenos produtores e que tenham iniciativas voltadas para a inclusão de mulheres na sua linha produtiva.

Como exemplo marcante e inspirador, te apresentamos a Emme, uma marca brasileira feito para Mulheres (com Emme maiúsculo), e que traz peças de alta qualidade com o conforto e estilo que você merece. Confira!