Liderança feminina: o que é e como desenvolver?

Emme

6/24/20247 min ler

O Brasil tem mais de 100 milhões de pessoas trabalhando, segundo dados da PNAD 2023 (Pesquisa Nacional por Amostra por Domicílio), delas, mais de 43 milhões são mulheres. Apesar de ser uma parcela significativa, cargos de liderança são, ainda, majoritariamente ocupados por homens.

Numericamente, mulheres estudam mais – cerca de 2 anos a mais em média que os homens – mas ainda assim não chegam a ocupar 40% das vagas de chefia no Brasil, segundo dados da CNI (Confederação Nacional das Indústrias) em 2023.

Debates acerca da inclusão feminina no mercado e sobre direitos iguais se intensificaram ao longo da última década, deixando de ser uma pauta sazonal, para se tornar um assunto que permeia todas as camadas do mercado e que merece atenção.

Assim, iniciativas de liderança feminina têm se tornado cada vez mais divulgadas e acessíveis, mas ainda há um longo caminho a se percorrer.

Índice:

O que é liderança feminina?

Liderança feminina nada mais é do que ter uma mulher em posição de chefia. Ou seja, gerindo pessoas, processos e guiando a tomada de decisões de um determinado grupo.

Historicamente, o papel de líder sempre foi associado e exercido por homens, deixando à mulher um papel subalterno na sociedade e nas relações de trabalho. Isso tem mudado à medida que as mulheres começaram a reivindicar seus direitos e abrir espaço para si na sociedade.

Hoje, mulheres podem votar, trabalhar, tomar decisões sobre suas vidas– ainda enfrentando muitos obstáculos e empecilhos ligados ao gênero– mas provando que têm as mesmas capacidades e resultados que um homem pode ter, basta ter a oportunidade.

A história da liderança feminina

Não há uma data fechada que marque a entrada de mulheres nas atividades produtivas. Historicamente, a elas eram atribuídas tarefas domésticas como cuidar das casas e educar os filhos, enquanto aos homens cabia sustentar a casa.

Além da obrigação e limitação a exercer tarefas domésticas, mulheres também tinham um papel subalterno no que diz respeito à sociedade. Elas não tinham o direito de votar, de ter acesso à educação, tinham leis que ditavam como deviam se vestir e como deviam se portar.

Foi no século XIX que mulheres começaram a reivindicar direitos para si. O mais famoso e emblemático deles, o direito ao voto, surgiu na Inglaterra e ficou conhecido como o movimento sufragista. No Brasil, esse direito foi conquistado em 1932.

A partir da 2ª revolução industrial, mulheres começaram a trabalhar nas fábricas, principalmente aquelas que tinham que sustentar a família diante da ausência masculina. Esse fenômeno se acentuou durante as guerras do século XX e concretizaram a entrada das mulheres na economia.

A partir de então, a passos lentos, a presença feminina foi se estabelecendo na economia mundial. Não só isso, como a mulher começou a ocupar outros espaços, como os da academia, da política, da mídia e da literatura.

Assim, a mulher começou a ganhar espaço nas hierarquias de empresas, mas sempre enfrentando mais obstáculos que os homens. As mulheres estudam mais, cerca de 2 anos a mais em média que os homens. Contudo, ganham 19,4% a menos que eles, segundo dados do Ministério do Trabalho. Quando são considerados aspectos de raça e renda, a diferença fica ainda mais evidente.

Passando esses obstáculos, as mulheres têm mostrado entregas muito positivas às empresas e aos colaboradores. Um estudo publicado pela revista americana Forbes mostra que mulheres em cargos de liderança são melhor avaliadas e têm mais confiança dos colaboradores que os homens, além de serem mais criativas.

5 características da liderança feminina

Mulheres tem muitas qualidade que são benéficas às empresas, não porque homens não as tenham, mas porque elas tiveram que desenvolvê-las mais ao longo da carreira e das barreiras de gênero que enfrentaram.

A seguir listamos algumas das características presentes em mulheres em cargos de liderança mais citadas. Confira!

Comunicação e empatia

Duas mulheres conversando, sentadas próximas a uma janela
Duas mulheres conversando, sentadas próximas a uma janela

Mulheres desenvolvem melhor a capacidade de escuta ativa, isto é, escutar atentamente e assimilar melhor as informações e “dores” dos outros. Isso também está associado ao fato que mulheres tendem a ser mais empáticas que os homens. Entendendo e compartilhando do que o outro está sentindo e passando.

Isso afeta completamente a comunicação da empresa. Lideranças que se colocam no lugar e conseguem entender de onde vem as ações e preocupações do colaborador permite que eles se sintam ouvidos e valorizados pela organização.

Isso também impacta no engajamento do quadro de funcionários, que vão se esforçar mais se se sentirem acolhidos, inspirados e valorizados pelos seus chefes.

Resiliência e inovação

Mulher apresentando suas ideias de melhorias para a empresa
Mulher apresentando suas ideias de melhorias para a empresa

Mulheres enfrentam, como dito anteriormente, uma série de barreiras de gênero para crescerem nas suas carreiras. Se elas parassem no primeiro “não” que receberam, nada funcionaria.

Assim, mulheres são mais persistentes, dedicadas e resilientes nos seus objetivos. Elas também são mais criativas e desenvolvem novas ideias para solucionar problemas simples e complexos.

Isso leva a que mulheres também busquem alternativas e inovem mais nos lugares onde trabalham. Elas desenvolvem, experimentam e executam novas ferramentas e métodos que podem otimizar funções e operações que muitas vezes estão datadas, somado ao engajamento no trabalho em equipe.

Colaboração

Duas mulheres vendo uma página da internet em um notebook
Duas mulheres vendo uma página da internet em um notebook

Como são empáticas, mulheres também são mais colaborativas e se esforçam em procurar soluções em conjunto com a equipe. Mulheres tendem a valorizar e a instigar os outros a participarem das execuções do dia-a-dia e até mesmo da tomada de decisões.

É muito importante que líderes escutem seus colaboradores e se engajem na busca de soluções conjuntas.

Melhora do clima organizacional

A escuta ativa permite que líderes tenham várias perspectivas antes de tomar uma decisão e fomenta a horizontalidade dentro da empresa– fator que também melhora o engajamento e o clima organizacional da empresa.

De maneira geral, o desenvolvimento e bem-estar dos colaboradores impacta diretamente nos resultados da empresa. Ter uma chefe que inspira, trabalha junto e fomenta o diálogo e não a hierarquização das decisões permite que as tarefas sejam melhor executadas e, assim, ter melhores resultados.

Adaptabilidade

Junto à inovação e à resiliência, mulheres também tiveram que aprender a se adaptar as mais diversas situações e tirar o melhor de cada uma delas. Mulheres tendem a ser mais maleáveis e trazer respostas rápidas e assertivas a mudanças de planos que ocorrem no dia-a-dia do trabalho.

Desafios para a liderança feminina

Como vimos até aqui, nada foi dado e tudo foi conquistado pela persistência de mulheres no mercado de trabalho. Ainda que muitas portas tenham sido abertas, muitas outras ainda estão bem fechadas– ainda mais para mulheres de baixa renda.

Outro ponto desafiador é a maternidade. Ainda há muitas empresas e relatos de trabalhadoras que são excluídas e até demitidas se tem filhos. A mulher, além de longas jornadas de trabalho, ainda tem que encarar o peso das tarefas domésticas. Essa é uma realidade muito preocupante quando encaramos que hoje no Brasil há mais de 11 milhões de mães solo.

Ainda há muito a ser feito.

Cultivando habilidades de liderança

Mesmo estando em cargos que não requerem tomar decisões ou ser estratégico, é importante começar a pensar e nutrir habilidades de liderança. Coisas como escuta ativa, pensamento estratégico e inovação podem ser aplicadas no dia-a-dia e em tarefas simples.

Converse com os colegas e pense em melhorias, pesquise sobre ferramentas e metodologias que possam auxiliar nos processos e busque ter pontos de conversa com seus chefes acerca das suas ideias.

Educação e capacitação contínua

Mulher olhando no celular e pesquisando no notebook
Mulher olhando no celular e pesquisando no notebook

Estudar nunca é demais, seja no ensino superior, cursos profissionalizantes ou em capacitações. Ter fundamentação teórica e base para poder desenvolver iniciativas no trabalho pode potencializar a aplicação e escalabilidade das mesmas.

Além disso, ter essa bagagem ajuda muito na autoconfiança e no avanço da carreira. Ter uma certificação ou um curso a mais no currículo é um fator que pode abrir muitas portas e trazer novas oportunidades.

Networking e mentorias

Networking
Networking

Conhecer pessoas para trocar experiências e poder conversar ajuda muito a abrir a mente e enxergar novas possibilidades– ainda mais se forem mulheres. Há hoje no mercado inúmeras iniciativas que fomentam o crescimento profissional das mulheres.

Essas mentorias estão voltadas para as mais diversas áreas, tem algumas que são gratuitas e outras que são pagas. Veja alguns desses programas:

  • WoMentor - FGV (Fundação Getúlio Vargas)

  • “Nós por elas” - IGV (Instituto Vasselo Goldoni)

  • Elas na Indústria - Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)

Conclusão

Mulheres são persistentes, gentis, empáticas e tão capazes quanto os homens para desempenhar qualquer função que lhe seja proposta, a única diferença é ter a oportunidade. Nós não queremos benefícios ou passar na frente, apenas direitos e competições igualitárias!

Elas têm muito para oferecer ao mercado e à sociedade como um todo, isso já está provado e documentado, mas ainda falta muito a ser conquistado.

Além disso, mulheres em cargos de liderança puxam a sua equipe para o sucesso, com práticas éticas, justas e que fomentam a participação e senso de coletividade. Mães podem gerenciar grandes equipes, como também àquelas que não querem ter filhos.

As histórias de grandes mulheres estão aí para servirem de inspiração para todos e todas, para nos espelharmos nos seus feitos e nos inspirar com as suas histórias. Mas principalmente para abrirmos novas portas para que outras possam quebrar novos paradigmas.

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